San Paul e o seu Tele-transporte de Solitários




Fui a San Paul hoje
San Paul é lugar de gentes e de concreto, é lugar de ninguém
Peguei um Tele-transporte revestido de aço e ferro ou de sei lá o que
Em San Paul tudo é cinza, rápido, trânsito
Tudo é trânsito, carro e segredo: Pessoas não se olham
Sei que o Tele-transporte segue velozmente como um cavalo novo, forte com fogo nas patas, correndo em direção ao começo do fim
Vai e volta, corre e voa a lugar algum
Leva pessoas que vão para nenhum lugar
Pessoas de ninguém



Hoje eu fui do “Jabacquér” a Sé
Vi gente de todas as cores
Brancas, pretas, amarelas, azuis e transparentes( gente que eu sentia saber quem era)
Vi gente bonita, feia, bem vestida, mal vestida
Gente cheirosa, fedida
Gente alta, baixa, magra , gorda



Eu vi muita gente querendo não se relacionar – e achei isso triste
Gente não disponível
Não disponível pra vida, pras relações



Com fones no ouvido, ouvindo sei lá o que
Vi gente jogando vídeo-game portátil, celulares tocando, outros ligando
                                                                                        
Para quem?
  Não sei






Hoje eu me distraí com que vi e fui quase feliz



Hoje eu vi um homem com cabelos desgrenhados, com calça cargo larga, tênis qualquer despojado ou esportivo básico, camiseta cor de sem cor, e com camisa vermelha xadrez de flanela por cima, usava óculos, que dava a ele um ar de Lobão-Intelectual...Sentia ele diferente dos outros, ele tinha barba de não- fazer



Hoje eu vi também um homem lindo, sim homem lindo. Sabe como é?
De 2m de altura, calça jeans e camiseta básica
Ele era desses tipos de moço que quando se olha, pensa que é pra casar, de boa família, que mora só, independente, trabalho legal e é gente... Boa!
Com ele tinha uma mulher e (que não era sua esposa, pois deu para perceber pela conversa. Sim! Eu ouvi a conversa, era inevitável.)
E tinha uma criança linda com eles, um menino, que quando o homem foi embora disse:- Ele vai bater a cabeça no metrô e vai quebrar .( o menino endeusava o homem lindo, como um super herói)
A mãe disse:- Filho ele tem a altura do seu pai, 1m e 91cm.
O garoto retrucou:- Não mãe, o pai tem menos, tem 45.
Logo a mãe disse:- Não filho, eu estou falando de altura, seu pai tem a mesma que ele, 45 é a idade do seu pai.

Eu ri, participei da conversa de gente que nem conhecia
Me relacionei e foi bom

Hoje eu também senti o cheiro do trabalho saindo pela axila do trabalhador que levantava o braço do  meu lado

Hoje eu vi um homem intelectual , um homem lindo, uma mulher e uma criança, hoje eu senti o cheiro do trabalho alheio

Hoje eu cheguei onde queria ir e ...
Perguntas




Porque existem?



Elas aparecem e tomam conta de um todo
Elas fazem no meu cérebro um grande ponto de interrogação (iluminado-iluminando)
Perguntas são como sombras, monstros



Me interrogo



     não as queria aqui, mas...



Elas vêm à tona e perturbam
Tiram-nos a paciência
As perguntas, perguntam pra mim:



Quem você é? De onde vem?
Pra onde vai?
Depois da morte à vida? Qual religião?
Isso é pecado?
Porque eu sou assim? Porque escolhi isso?
Porque tudo é tão difícil?



Por quê? Por quê? E por quê?
Pra quem? Pra quem?
Onde? Qual?



...



Porque as pessoas não pensam?
Porque os normais são maioria? (gente sem graça)
Porque as pessoas são assim? Porque matam?
Porque se drogam? Porque roubam?
São felizes?



Infinito de perguntas



Outras perguntas? Nem ouso expressá-las



Difícil é se relacionar
É viver com as piores das respostas
E ter sempre que se reinventar, pra não morrer, mesmo estando vivo
Esta é minha Arte: Reinventar Respostas
Porque as respostas têm sido tão duras



Sobrevivo...



    -Neste momento, pausa mais do que dramática.
           Pausa imensa, de morte. Pense



Quem responde?



Psiuu, você que lê:
Responde pra mim



Não quero mais perguntas, já tenho muitas
Quero respostas
Embora as tenham, elas ainda são poucas.




Escrevo-me









É preciso viver dentro de si
E pensar
Penso, penso, penso e penso, logo existo (isso não é meu, mas é como se fosse)
E no momento só me resta escrever, escrever, escrever e escrever
Embora não o saiba fazer, a auto-crítica sempre presente, nunca falta um dia se quer no dia de pensar e escrever, talvez isso seja bom







Voltando:











Estou quase sempre sem papel e caneta
Tento guardar na memória o que foi pensado
Com a certeza de que vou lembrar depois
A memória me trai e não lembro
É sempre assim







Pensamentos me vem








             acho bonito isso
      Essa coisa de pensar BEM







Perco, perco sempre
É como jogar futebol, perco
Quando vou ver, não lembro
Lá se foi o pensamento do pensador
Foi pros ares, levado pelo vento que provávelmente pensa o que pensou o pensador







O ar, o vento ...







Roubam meus pensamentos e podem roubar os seus também
Depois de mais um tempo
Reconheço eles na escrita de outras gentes
Vai ver o vento soprou para outro, o que ouviu do meu pensar
Bandido esse tal de vento que rouba o que pensei e dá de presente para outra gente
Mais bandido é quem pensa o que pensei e pior: Escreve
Ou vai ver, é só conhecidência e eu penso ter pensado o que o outro pensou, como uma espécie de identificação




           bem, isso não importa
                    o que importa é que:








Escrever é tão incrível







Me faz ser do tamanho que não sou







Ultimamente tenho lido coisas tão bonitas
Pessoas que olham o mundo, entendem ele, se entende e mais: Verbalizam
Pessos incríveis e especiais
Invejo elas, Deus que me perdoe, mas é verdade
No entanto tento me entender, entender o mundo...
E escrever sobre, sobre tudo...












Mas eu não sei nada disso meu Deus
Janela também  é lugar de onde se vê


Mundo é Janela
Também é Porta
E entre Portas e Janelas,prefiro Janelas.
Elas lembram o pular da Janela, para fugir de levar uns tapinhas da Mamãe e isso é bom
E além do mais Portas se fecham a todo instante
Janelas estão quase sempre abertas para que entre o Astro Sol ou para ouvir o barulho da chuva, deixar o vento entrar




Janelas estão para o Mundo




Existem inúmeras Janelas, chego a perder as contas
Porém, dentre todas as Janelas existe uma em especial, que me faz encher os olhos de lágrimas
E me faz sofrer feliz, me faz viver e me deixa ser do jeitinho que eu sou
Assim, tão... Tão...
Sem...
         _respeito todas as outras Janelas, mas essa é impossivel não olhar...foi a que eu escolhi ou o contrário
Ela é tão...Tão...




Olhar por essa Janela me deixa assim tão, inteiro, completo, pleno e pessoa errante como qualquer um...porém alguém que se faz perceber, diferente
         _diferente não, não gosto dessa palavra-expressão
            _ é banal e banalização não é comigo




Melhor dizendo ela me faz reticências




        _disso eu gosto








Gosto do que não se explica!
Hoje eu saí por aí


Hoje eu saí de casa e andei pelas ruas tranquilamente
Só por hoje eu saí por aí
Saí, assim como se sai de lugar qualquer, saindo
Levando meu corpo pra outro lugar


Hoje eu saí por aí, deixando meu rastro no chão
Minhas pegadas, minhas marcas
Marcas de pé sobre o asfalto de concreto da rua


Hoje eu saí por aí, como às vezes saio
De chinelo, bermuda e uma camiseta branca, usando até boné (pra esconder as entradas, que cismão em aparecer)


Hoje eu saí por aí, com duas cenas do Plínio no bolso, para mais um dos ensaios de teatro da minha vida
Só pra não esquecer:


Hoje eu saí por aí novamente, com tudo isso e acreditando na possibilidade de poder passar no grande teste da vida


Que engraçado, hoje eu também saí por aí, com a velha mania de achar que um acontecimento pode mudar tantos outros


Mas até que me provem o contrário, hoje:


Eu vou continuar saindo por aí, acreditando incansávelmente que tudo pode mudar.